"E invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás" (Salmos 50.15).
Há não muitos anos passados, dois navios que seguiam destinos opostos se chocaram em alto-mar. Isso aconteceu por causa de um forte e espesso nevoeiro, que impedia por completo a visão daqueles que os comandavam. Em virtude dos estragos que se verificaram nas duas embarcações, o naufrágio de ambos seria inevitável.
Os passageiros, em face à trágica situação, entraram em pânico. Assim, desesperados, aflitos e já sem controle sobre suas próprias emoções, choravam e gritavam enquanto procuravam lançar mão dos salva-vidas, na esperança de um salvamento.
Enquanto se desenrolava o alvoroço nas duas embarcações, um dos rádio telegrafistas, por quatorze longas horas, emitia consecutivamente, sem cessar, a muitas milhas em redor dos navios condenados, os sinais que transmitiam a seguinte mensagem: "Dois navios em sério perigo. S.O.S! S.O.S! Dois navios em sério perigo. S.O.S! S.O.S!"
As horas se arrastavam e os dois navios afundavam lentamente de centímetro em centímetro; até que subitamente, depois de tanta aflição e desespero na prolongada espera, o nevoeiro se dissipou e... que extraordinária e gloriosa surpresa: em torno dos dois navios acidentados havia mais de meia dúzia de outros navios, à espera do momento oportuno para que pudessem prestar socorro ao grande número de passageiros em desespero e já sem esperança de se salvarem, na sua quase totalidade.
Muitas têm sido as ocasiões em nossa vida quando espessos e quase intransponíveis nevoeiros procuram impedir a nossa visão espiritual. Isso naturalmente pode acontecer por motivos de fraqueza, desânimo, egoísmo, ganância e outros males que afetam tantas vezes o bom andamento espiritual das nossas vidas. Entretanto, parece que o fato se evidencia mais especificamente quando o ser humano passa pela cruz de Cristo, frio, indiferente e sem a menor reação de culpa. Todavia, haverá para muitos, um dia, quando os fortes raios do amor e da compaixão divinos desvanecerão a névoa da indiferença, do egoísmo, da ganância e, enfim, de tudo aquilo que nos impede de ver o infinito, despertando em nosso coração o reconhecimento do próprio estado de perdição. Deus representa esse socorro bem presente, nos momentos de angústia e incertezas.
Pecadores perdidos sem Cristo e sem salvação só podem encontrar livramento através da cruz de Cristo. É lastimável observar-se o destino de tantos na luta angustiante à procura de esperança, quando esta já foi providenciada e se encontra tão perto. É apenas uma questão de direcionamento, de visão e compreensão do amor do Pai, sempre pronto a atender o clamor do homem aflito e sem a certeza da salvação.
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